EXPLICANDO E ENTENDENDO A C R I S T O L O G I A
I. O
JESUS HISTÓRICO
1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO”
No período compreendido entre 1774 a
1778, foi iniciada a procura do Jesus Histórico. Lessing publicou pós morte as
anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse estudioso questionava a tradicional
forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo Testamento. Para ele Jesus nunca
fizera uma reivindicação messiânica, nunca institui qualquer sacramento, nunca
predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os mortos. Dizia que Jesus era um
engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A metodologia
racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, peculiar a
primeira parte do século XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil
para nascerem obras pró e contra Jesus.
O
interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em
que a busca do Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse
pela procura e pelas dúvidas quanto a sua possibilidade. Entretanto, três
fatores foram fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert
Schweitzer que revelou a idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele
foi criado e baseado nos desejos de liberais, não em fatos verídicos; segundo -
a partir da obra de William Wrede e dos críticos da forma, houve o reconhecimento de que os evangelhos não eram
meramente biografias objetivas que facilmente poderiam ser pesquisadas à
procura de informações historicistas; por fim - Martin Kähler influenciou os
estudiosos a reconhecerem que o objeto da fé da igreja no decurso de todos os
séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do liberalismo teológico, mas o
cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas
Letras.
Ernst
käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história,
propalando seu receio de que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da
fé era muito semelhante à heresia docética, que negava a humanidade do Filho de
Deus. Como era de se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos.
O
avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do
Senhor Jesus. Prova disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade,
encontramos mesmo que em forma diversificada a historicidade da pessoa bendita
de Jesus de Nazaré.
2. A OBJEÇÃO DA IGREJA
CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO”
A
igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de
“Jesus Histórico”. Isso se justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é,
através da afirmação de que o homem Jesus de Nazaré, que foi chamado “o
Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o Messias, o Ungido. Toda vez que é
sustentada a asserção de que Jesus é o Cristo, ali existe a mensagem cristã;
onde quer que essa asserção seja negada, é negada igualmente a mensagem cristã.
A
religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no
momento que um de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu é o Cristo”. E o
Cristianismo ficará vivo enquanto existirem pessoas que repitam essa afirmação.
Isso porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois
lados: o fato que é chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por
aqueles que O receberam como o Cristo. Interessante que no momento que os
discípulos O aceitam como o Cristo é também o momento que Ele é rejeitado pelos
poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo deve morrer por haver aceito
o título de “Cristo.
Jesus
como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé.
Não se pode afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo
sem afirmar ambos esses lados. Se Jesus não tivesse impactado os seus
discípulos com o fato de ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através
deles a todas as gerações posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré
talvez fosse recordado apenas como uma pessoa histórica e religiosamente
importante. Mas se ele foi crido e provou de fato ser o Cristo.
Nesse
sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal
questionamento em sua obra Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus histórico é igualmente o
Jesus a quem adoramos e servimos. É o Jesus teológico naturalmente, podemos ter
algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas há tal identificação de pessoa. Jesus
é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi meramente um
homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no sentido
mais literal possível.
James
Moffatt, em sua obra Jesus Christ The
Same assevera:
“Nada é mais provável do que aquele que viveu à face
da Terra, por alguns poucos anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores
adoram como Senhor; nenhum novo Jesus foi criado por algum movimento
sincretista do primeiro século cristão. Há certa unidade no ministério
insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas também é, a causa real que
subjaz às diversas interpretações de sua vida e de sua obra, e as experiências
posteriores Igreja subentendem, repetida e continuadamente, que deve haver
comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer modificação interna ou
externa da fé”.
3. A
PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DE TAL INVESTIGAÇÃO
Paul Tilllych, em sua
obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do chamado “Jesus
Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: foi
falsa a idéia de a crítica histórica ter destruído a própria fé; esse fracasso
foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa; o Cristianismo se alicerça
no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus e não em uma novela
histórica; os ensinos e as mensagens de Jesus não têm relação com a situação
concreta na qual foram pronunciadas. Vejamos esses cinco aspectos do pensamento
Tillychano.
3.1 A crítica histórica parecia haver
destruído a própria fé.
Desde
o momento em que foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à
literatura bíblica, problemas teológicos que nunca estiveram completamente
ausentes ficaram de tal forma aumentados, como nunca o estiveram em períodos
anteriores da história da igreja. O método histórico une elementos
analítico-críticos e construtivo-conjeturais . Para a consciência cristã
normal, moldada pela doutrina ortodoxa da inspiração verbal, o primeiro
elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só foi sentido o elemento negativo no termo
“crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou
“alta crítica”` ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em
si mesmo, o termo “crítica histórica” significa nada mais do que pesquisa
histórica. Toda pesquisa histórica crítica suas fontes, separando aquilo que
apresenta mais probabilidade daquilo que apresenta menos ou é totalmente
improvável. Ninguém duvida da validez desse método, já que ele é confirmado
continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com seriedade se ele destrói
belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a pesquisa bíblica se
tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as fontes
históricas, mas também a revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e
rejeição da autoridade bíblica foram consideradas idênticas. Revelação,
supunha-se, abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma
histórica na qual apareceu. Isso parecia ser verdade especialmente com relação
aos fatos referentes ao “Jesus histórico”. Já que a revelação bíblica é
essencialmente histórica, parecia impossível separar o conteúdo revelatório dos
relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. A crítica
histórica parecia haver destruído a própria fé.
Mas
a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos
importante. Mais importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força
motora em todo esse empreendimento. Os fatos que estão por três dos registros,
foram buscados; especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo
urgente de descobrir a realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das
tradições coloridas e ao mesmo tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão
antigas quanto ela própria. Desse modo, a pesquisa pelo assim chamado “Jesus
histórico” teve início. Seus motivos eram ao mesmo tempo religiosos e
científicos. Essa tentativa era corajosa, nobre e extremamente significativa em
muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas são inúmeras e bastante
importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica
histórica de encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um
fracasso. O Jesus histórico, a saber, o Jesus que está por trás dos símbolos de
sua recepção como o Cristo, não só não apareceram, quanto se distanciavam cada
vez mais g medida que se dava um novo passo. A história das tentativas de se
escrever uma “vida de Jesus”, elaborada por Albert Schweitzer em sua primeira
obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua própria tentativa
construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se
tornaram mais cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou
manifesto quando o programa ousado de “desmitologização do Novo Testamento”,
feito por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos teológicos, e a
lentidão com que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida
por um impressionante despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e
muito antigo) não é uma imagem do assim chamado Jesus histórico, mas o
“insight” de que não existe uma imagem por trás da imagem bíblica que pudesse
se tornar cientificamente provável.
3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de
pesquisa
A situação exposta acima
não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia seja
superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre
Jesus de Nazaré são os de Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o
receberam como o Cristo. Portanto, se tentamos encontrar o Jesus real que está
por trás da imagem de Jesus como o Cristo, é necessário separar criticamente os
elementos que pertencem ao lado factual do evento, daqueles elementos que
pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso, esboça-se uma “Vida de Jesus”; muitos desses esboços foram elaborados. Em
muitos deles atuaram juntos: honestidade científica, devoção amorosa e
interesse teológico. Em outros são visíveis o distanciamento crítico e até
mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode reivindicar ser uma imagem provável,
que seja o resultado de um labor científico tremendo dedicado à essa tarefa
durante duzentos anos. No máximo, eles são resultados mais ou menos prováveis,
incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé cristã, seja para
rejeitá-la.
Tendo em vista essa
situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus histórico aos seus
traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que deixando
abertos g dúvida seus traços particulares. Mas esse não é o processo correto. A
pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial depois de eliminar
todos os traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece
dependente dos traços particulares.
Conseqüentemente, as
imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada uma “Vida de Jesus”
diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é aplicada tal
auto-restrição.
A dependência da Gestalt
na valoração dos traços particulares é evidente num exemplo tomado do complexo
daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar esse ponto, deve-se
saber, além de muitas outras coisas, se
ele aplicou o título “Filho do Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido.
Toda resposta dada a essa questão é uma hipótese mais ou menos provável, mas o
caráter do quadro “essencial” do Jesus histórico depende decisivamente dessa
hipótese. Esse exemplo mostra claramente a impossibilidade de substituir a
tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a “Gestalt de Jesus”
Esse exemplo mostra ao
mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não estão familiarizadas com o
aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas conseqüências para a
doutrina cristã e por isso gostam de atacar a pesquisa histórica em geral e a
pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de preconceitos
teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretação
também é preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé.
Mas elas negam que o método histórico tenha critérios científicos objetivos.
Contudo, essa afirmação não pode ser sustentada em vista do imenso material
histórico que foi descoberto e freqüentemente verificado de forma empírica por
um método de pesquisa usado universalmente. E característico desse método que
ele tenta manter uma auto-crítica permanente para libertar-se de preconceitos
conscientes ou inconscientes. Isso nunca é plenamente bem sucedido, mas é uma
arma poderosa e necessária para se obter conhecimento histórico.
Um dos exemplos aludidos
freqüentemente neste contexto é o tratamento dos milagres do Novo Testamento. O
método histórico não aborda as histórias de milagres nem com o pressuposto de
que aconteceram porque foram atribuídos aquele que é chamado o Cristo, nem com
o pressuposto de que eles não aconteceram porque esses eventos contradiriam as
leis da natureza. O método histórico pergunta, quão fidedignos são os relatos
em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, como
poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem
confirmados por outras fontes independentes, em que estilo são escritos, e para
que finalmente são usados no contexto todo. Todas essas questões podem ser
respondidas de forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de
preconceitos positivos ou negativos. O historiador nunca pode conseguir uma
certeza dessa forma, mas pode chegar a um alto grau de probabilidade. Contudo,
seria um salto a outro nível se ele transformasse a probabilidade histórica em
uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo de fé (como será
mostrado mais adiante). Essa distinção clara freqüentemente é confundida pelo
fato óbvio de que a compreensão do sentido de um texto é parcialmente
dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e
registros. Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos
filológicos e outros que estão abertos à uma abordagem objetiva. Compreensão
exige participação do sujeito naquilo que compreende, e só podemos participar
em termos daquilo que somos, incluindo nossas próprias categorias de
compreensão. Mas essa compreensão “existencial” nunca deveria perverter o juízo
do historiador com respeito aos fatos e relações. A pessoa cuja preocupação última
é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que aquela cujo conteúdo
t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da tradição
sinótica, ou os elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas têm
os mesmos critérios de probabilidade histórica e devem usá-los com o mesmo
rigor, embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções religiosas
ou filosóficas. Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os
olhos para fatos particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos”
é uma experiência pessoal que não pode ser convertida num princípio
metodológico. Só existe um procedimento metodológico, e esse consiste em olhar
o objeto a ser investigado e não nossa maneira de olhar o objeto, já que nossa
atitude se acha realmente determinada por muitos fatores psicológicos,
sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser desconsiderados
intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve
formular um juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se
é um cristão - ou anti-cristão. O juízo deve ser inferido de um certo grau de
plausibilidade, baseado em registros e em sua provável validez histórica. Isso,
sem dúvida, pressupõe que o conteúdo da fé cristã seja dependente desse juízo.
3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do
caráter messiânico de Jesus
A religião cristã se
alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus de Nazaré e
não em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A
busca do Jesus histórico foi uma tentativa de descobrir um mínimo de fatos
confiáveis sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um fundamento seguro à
fé cristã. Essa tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu
probabilidades sobre Jesus, em grau maior ou menor. A base dessas
probabilidades, ela esboçou “Vidas de
Jesus”. Mas essas se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas
com certeza não poderiam fornecer uma base segura para a fé cristã. O
cristianismo não se baseia na aceitação de uma novela histórica; ele se baseia
no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus por pessoas que não
estavam absolutamente interessadas numa biografia do Messias.
A intuição dessa situação
induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa de construir uma
“vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma interpretação
das “palavras” de Jesus. A maior parte dessas palavras (embora não todas) não
se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer contexto biográfico.
Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido
ditas por ele. Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor
relação com a verdade das palavras correta ou erradamente registradas como
palavras de Jesus. O fato de que a maioria das palavras de Jesus tem um
paralelo na literatura judaica contemporânea não é um argumento contra sua
validez. Esse também não é um argumento contra sua unicidade e poder, tais como
aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as parábolas e as discussões
com inimigos, bem como com seus seguidores.
3.4 Os ensinos e as
mensagens de Jesus Cristo
Uma teologia que tenta
fazer das palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-lo
de duas maneiras. Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou
como “mensagem de Jesus”. Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como
interpretações refinadas da lei natural ou como intuições originais da natureza
do homem. Elas não tem relação com a situação concreta na qual foram
pronunciadas. Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura sapiencial, da
mesma maneira como no Antigo Testamento. Elas podem transcender todas essas
três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os transcendem em
termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de
Jesus” é reduzir Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua
reivindicação de superar o contexto vétero-testamentário .
A segunda forma pela qual
a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C mais profunda que a
primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de
comportamento humano, que elas sejam regras às quais a gente deva se sujeitar,
ou que elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da situação na
qual foram ditas. Em vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de
Deus está “à mão” e que portanto aqueles que querem entrar nele devem se
decidir a favor ou contra o Reino. Essas palavras de Jesus não são regras
gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação do Jesus histórico,
sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de Jesus com o
sentido de sua mensagem. Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. E
essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele mesmo aceitou a sua. Aquilo
que é historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt
de Jesus, é engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado -
a saber, sua mensagem sobre o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada
vez mais ao “paradoxo da Cruz de Cristo”
Mas até mesmo esse método de juízo histórico restrito não pode oferecer
um fundamento à fé cristã. Ele não mostra como pode ser cumprida a exigência de
decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir permanece sendo
aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da
busca por Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo
existencialista” em contraste com o “liberalismo legalista” do primeiro. Mas
nenhum desses métodos responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer
aos ensinos de Jesus ou de decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos
não podem fazer porque a resposta deve vir de uma nova realidade que, de acordo
com a mensagem cristã, é o Novo Ser em Jesus como o Cristo. A Cruz é o símbolo
de um dom antes de ser o símbolo de uma exigência. Mas, se isso for aceito, é
impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se em suas palavras. A via
de acesso última da pesquisa e busca do Jesus histórico está barrada, e
manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé cristã
através da investigação histórica.
3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus
Histórico”
Esse resultado teria sido
reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a respeito
do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente
para os resultados da pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa
que está por trás dos registros do Evangelho. Como todo conhecimento histórico,
nosso conhecimento dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação
histórica sujeita esse conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança
contínua que ocorre nos traços particulares, bem como nos essenciais. Ela tem
como alvo ideal atingir um alto grau de probabilidade, mas em muitos casos isso
é impossível.
O termo “Jesus histórico”
também é usado para significar o evento “Jesus como Cristo” como um elemento
factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a questão da
pesquisa histórica. Se o elemento factual no evento cristão fosse negado, seria
negado também o fundamento do cristianismo. Ceticismo metodológico sobre o
labor da pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem mesmo
garantir o nome “Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar
isso às incertezas de nosso conhecimento histórico. Mas a fé garante a
transformação factual da realidade naquela vida pessoal que o Novo Testamento
expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se não se distinguirem esses
dois sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver nenhuma
discussão honesta e frutífera.
II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS
1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO
Christos em
grego é “ungido”, de epichriô,
“ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo Educador em Teologia Expedito
Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: quando cai sobre uma folha de
papel uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra substância porosa fica
ungida ou permeada pelo óleo ao ponto de parecer ambos a mesma coisa, porque
tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de forma que ambos
não podem serem vistos separadamente.
Por “cristificação”, entende-se o ato
ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, pessoa humana) ser permeado pelo
“Cristo”. Para isso ocorrer Jesus
teve que ser efetivamente homem. Entretanto, é preciso ponderar que apesar de
Jesus ter nascido, crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu
como todo indivíduo. O nosso Senhor não
era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para não
se cair nos extremismos: uns elevam Jesus,
a tal ponto de perder a sua humanidade como faziam os docéticos do passado;
outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo com um mero ser humano
qualquer.
2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA
SER CRISTIFICADO
O
primeiro requisito para Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não
ser um homem do tipo que toda a raça humana é. Ele foi o único homem 100%
humano, enquanto o restante dos seres humanos são apenas semi-humanos. Por isso
mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos homens, Ele preferia Se
auto-entitular “O Filho do Homem”. Nosso
Senhor não se denominou como filho de homem, mas sim Filho do
homem, o que significa ser ele filho de uma geração 100% hominal. Ele foi
gerado de modo diferente do restante da humanidade.
O
título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua
humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e
com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse.
Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91
vezes. Segundo o Dr. Allmen, em seu Vocabulário
Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do Homem” (Jo 3.13) havia se
tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um exame
dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que
ao designar-se “Filho do homem” o Senhor Jesus escolheu esse título,
evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças
bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”,
conforme lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker
Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento na Universidade de Londres em
sua obra Mateus - Introdução e Comentário
defende a idéia de que Cristo apartou para si o título em foco porque o
termo expressava melhor do que qualquer
outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção
para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito
durante a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho
do homem: , equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por
outro lado. Também sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua
glória quando os homens vissem o Filho do homem vindo para juízo nas nuvens do
céu e reivindicando os seus direitos de propriedade sobre todos os reinos de
acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).
3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM
É O FILHO DE DEUS
Para
os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do Evangelho de São João, a terminologia “Filho do homem” indica a
condição humana realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o
constitui em modelo de homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da
obra, apesar de os autores recomendarem cautela ao interpretar essa expressão.
Admitem que “Homem” acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo
escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do homem) aparece no texto joanino
doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A passagem
mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai,
não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a
qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o
seu selo” (grifo nosso). Aqui
o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo
de Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33.
Ora,
a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação
em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. A glória
identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e caracteriza o projeto
de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o projeto. O filho do
Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a
plenitude do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo
de homem, o ‘vértice humano. É a
realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até
à absoluta realização pela comunicação do Espírito. O seu correlativo é o
título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista de cima, desde
de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição
divina.
Nessa
linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que possui
a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que
Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de
João Batista, expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme
Jo 1.32-34. A esta consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua
qualidade de Filho de Deus, consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus,
unidade à de Messias, constitui a profissão de fé da comunidade cristã. Logo,
Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque também é o Filho de Deus.
III. O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO
Como
já discorri anteriormente Jesus de Nazaré
não se auto-entitulou como filho de homem, mas sim Filho do
homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% hominal. Para se entender
isso é preciso distinguir a forma comum com que a espécie humana é gerada e o
modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se fez carne”.
1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA
Fecundação
é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - a penetração de um
espermatozóide em um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar a (um germe) o
princípio, a causa imediata do seu desenvolvimento; é conceber, gerar alguém.
Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico instante da
concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado
na Trompa de Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de
um espermatozóide para ser fecundado e posteriormente tornar-se um bebê.
O
milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como
declara a escritora Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com
a chegada da menstruação. De outro lado, bem próximo, no momento do orgasmo
masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem em
ritmo alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,.
Alguns podem levar horas até percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as
trompas. Os mais afoitos, porém, conseguem chegar em questão de segundos. Há
ainda outros, sem a mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas cavidades
do útero. Apenas um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao
óvulo. Sem hesitar um só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros
e penetra o óvulo. Imediatamente, a composição química do óvulo se altera e
impede a passagem de outros. É o fim desta incrível jornada e o início de uma
nova vida. Glória ao Criador!
A
forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo”
vem do vocábulo “hily” que significa
matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que quer dizer “formar”. Essa
análise etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-gerado” é um corpo
gerado pela matéria. Entende-se por matéria nesse contexto substância física,
ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da expressão, o que
dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição no
espaço e dotado de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma
pessoa é gerada é um estupendo milagre. Mas, por mais maravilhoso ( e não deixa
de ser um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração muito mais
maravilhosa que essa, como veremos adiante.
2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A
DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Se
a produção de um ser humano natural já é estupenda e miraculosa, muito mais nos
deixa estupefatos a forma com que “o
Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que
o Apóstolo Paulo bem descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos,
quando expôs a profunda doutrina da
necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração a semelhança de
“Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual
a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp
2.5-8).
Como
expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é
gerado - no caso natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um
óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Mas o nosso
Senhor Jesus não foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei
anteriormente. Sua geração foi bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo
“bioplasmática”. A palavra “bios” em
grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer
dizer “formar”. Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado
pela vida. Logo, Jesus foi gerado pela vida.
A
geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a
procriação da espécie humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi
frustrado pelo fato de o primeiro homem não ser aprovado no teste de fidelidade
aplicado pelo Senhor. O pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida
planejado pelo Criador. Em contra partida, Jeová pôde executar o seu plano de
geração do ser através da encarnação do Verbo divino. O Filho de Deus não foi
gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular de Filho do Homem. Jesus
de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra.
Talvez
a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo
Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de
Jesus acerca de um profeta “... entre os nascidos de mulher, não há
maior profeta do que João Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o
maior ser humano da face da terra (o único 100% homem), mas também tinha
consciência que não tinha provindo a carne de Maria e muito menos de José.
Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito
Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de
nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, Gabriel
diz que o Espírito Santo descerá sobre Maria e que o poder do Altíssimo a
envolvera.
Alguns
exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris ensina
que esta expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o
Espírito Santo com Maria. Gabriel deixa claro que a concepção de Maria será o
resultado de uma atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido
seria “santo... o Filho de Deus”. A nota
de rodapé da Bíblia de Jerusalém
esclarece que a expressão “o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”
evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 19.16, 24.16), seja as
asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 140.8) e
criador (Gn 1.2) de Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas
pagãs da antigüidade relacionadas com reputada descendência de deuses homens,
não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma ato
criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O
teólogo E. F. Kevan ensina que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em
Sua capacidade como poder criativo de Deus, conforme Gn 1.2, a encarnação foi o
começo de uma nova criação. O “poder do Altíssimo” cobriu-a livre de toda a
mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto
nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. As palavras de Gabriel: “Será
chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina do filho de Maria quando de
Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco exclui a
sua preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus
que Jesus possuía desde Seus anos primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora
gerado pela matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado com o elemento
pecaminoso que havia em Maria.
Por
outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso
são mortais como todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade.
Prova disso foi o que Ele mesmo revelou acerca dessa verdade: “...dou a minha
vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho
autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento
recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa
maneira quem possui em si a imortalidade. Isso corrobora a verdade de que Jesus
foi gerado de um modo 100% humano e 0% animal, em função disso, ele intitula a
si mesmo de “O filho do Homem”.
B I B L I O
G R A F I A
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