31 de mar. de 2014

Este Terrível Vento Leste!
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Publicado em: 5/9/2013
Por: Silvio Dutra
Igreja Orgânica de Jesus na Abolição - Rio de Janeiro - RJ
25dutra@gmail.com
 


"Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.”(Colossenses 3.15)
Eu não sei como isto acontece, mas durante os últimos dois ou três dias, eu fui chamado a simpatizar com um monte de tristezas, como eu nunca havia experimentado num tão curto espaço de tempo. Um mensageiro de miséria seguiu no calcanhar de outro, cada um com notícias duras. E isso não é tudo, pois também tenho ficado perplexo com uma grande quantidade de pecados, brigas e faltas. As pessoas estão murmurando, resmungando, se preocupando e lutando por todos os lados. Isso tem me tentado tanto que eu me sinto pouco equipado para atuar como consolador, porque eu mesmo preciso de conforto. Tenho procurado animar os outros até que eu tenha bebido do seu cálice de tristeza - eu tentei fazer a paz para  outros até o ponto de temer perder a minha própria - eu tentei responder às queixas  das pessoas até o ponto de ficar tentado a ter um resmungo ou dois na minha própria conta.

Talvez eu possa aliviar a minha mente com o sermão que eu espero entregar. Eu disse a alguém a quem muito estimo: "Eu não sei como isto acontece, mas parece que todo mundo está fora de rumo agora." Sua resposta foi sábia: "O vento está no leste." 
 
Este fato representa um grande assunto, porque:

Quando o vento está no leste, “isto não é bom para o homem nem para os animais." Algumas pessoas sentem o vento leste de modo terrível – isto faz  com que mordam a primeira pessoa que encontrarem. Estou contente de achar algum tipo de desculpa para os meus irmãos cristãos e, se eu não puder encontrá-la em nenhum outro lugar, mas no vento leste, eu vou fazer o melhor que puder dele. Mas eu espero sinceramente que o vento possa soprar em breve por mais um trimestre e que não venha novamente do leste, até que tenhamos um pouco de descanso, e renovado o nosso estoque de paciência. Se um vento cortante provoca desânimo, irritação, descontentamento e mau humor – possam os ventos suaves nos visitarem com frequência e nos trazerem a cura em suas asas!

Como o bom tempo não vai durar para sempre, será melhor estarmos preparados para a ventania. Isso fará com que nunca tenhamos uma fé que seja morta pelo vento - devemos ser feitos de material melhor do que este! No entanto, este vento é culpado e eu desejo, portanto, que isto o extinguisse. Se eu pudesse encontrar um canto aconchegante onde o vento leste cruel nunca foi sentido, eu me sentiria inclinado a promover um movimento de emigração para certas pessoas que eu não vou citar! Problemas e ventos leste virão para os servos de Deus e eles são enviados para nos fazer bem, porque talvez, se pudéssemos ter uma parede de proteção e nos sentarmos para sempre à luz do sol, sem o vento leste interferindo conosco, iríamos dormir, ou poderíamos vir a amar tanto este mundo a ponto de sermos relutantes em deixá-lo!

Seria uma coisa horrível para qualquer um de nós se o vento sul soprasse suavemente sobre nossas faces e sussurrasse gentilmente em nossos ouvidos uma longa e continuada alegria que pudesse ser achada na terra  porque então poderíamos ser tentados a nos sentarmos e dizer: "Alma, fique à vontade. Você tem, enfim, encontrado um lugar livre das provações do tempo. Portanto, coma, beba e seja feliz, e deixe o mundo futuro cuidar de si mesmo." 

Desconforto familiar, maridos e esposas que não podem concordar, dificuldades domésticas, irmãos e irmãs que brigam, problemas da Igreja, os membros que não são tratados gentilmente por outros (que geralmente não são o mais amável tipo de pessoas, eles mesmos, eu aviso), dificuldades nos negócios, dificuldades na pregação - o mundo está repleto dessas coisas!

Quando o vento está no leste, nos deparamos com muitas pessoas que não conseguem ganhar salários suficientes, outros que acreditam que nunca foram bem tratados desde que nasceram. E todos estes aparecem em multidões quando o vento está no leste. Bons homens tornam-se fanáticos por algo novo, encontram falhas nos velhos amigos, despertam debates e discussões sobre nada - e isso acontece com mais frequência quando o vento está no leste. Quando esse tipo de espírito é encontrado entre o povo cristão, é muito triste. Mas certamente deve haver um remédio para isto!
 
Pretendo levá-los hoje ao grande Médico das almas, Jeová Rafá! - O Senhor que nos Cura - que é capaz de curar todas as nossas enfermidades e dar alívio permanente a todo o mal, para que o nosso espírito possa estar em repouso. Eu creio que nós temos uma receita neste versículo, que, se for bem observado, irá livrá-lo de todos os problemas, e fazê-lo cantar por longo tempo, e ajudá-lo a viajar da Terra para o Céu e ser, ao mesmo tempo , tão feliz como os pássaros no ar!

Aqui está: "Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.”(Colossenses 3.15)
I. Em primeiro lugar, possuir a paz de Deus -  "Que a paz de Deus reine em vossos corações." Ela não pode ser o árbitro em seu coração, se você nunca sentiu o seu poder! Portanto, certifique-se de que você está realmente reconciliado com Deus por Jesus Cristo. Muitas pessoas têm paz, mas, infelizmente, ela é falsa paz. Eles têm a paz de um suave, gentil, tímido, tempo  - um tipo de paz, que, se não fere ninguém mais, muitas vezes arruína o seu próprio possuidor. Alguns têm a paz da ignorância, a paz da estupidez, a paz de absoluta indiferença - falsa paz. Estes são os seguidores daqueles falsos profetas que proclamavam: "paz, paz", onde não havia paz. Ai do homem cuja paz de espírito é como a suavidade mortal da correnteza quando esta se aproxima da cachoeira!

Muitos estão à vontade em uma condição que pode fazer com que o cabelo de um homem sábio fique branco numa noite. 

A paz que precisamos ter é a paz de Deus, o que significa, eu acho que, em primeiro lugar, paz com Deus. Oh, que coisa abençoada é sentir que a grande causa da briga entre o nosso espírito caído e o grande Espírito é removida - que somos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho, que o pecado, o grande divisor, tem sido lançado nas profundezas do mar e que é estabelecida entre nós e Deus, uma comunhão feliz!

Espero que muitos de vocês estejam, a esta hora, desfrutando de muita paz. Se você tem isso, alegre-se nisto! Se você, então, está em paz com Deus, não aja perpetuamente como se a paz fosse questionável e duvidosa. Se cremos em Jesus Cristo, "sendo justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." Oh, a alegria de saber que, "tanto quanto o oriente está longe do ocidente, assim tem ele afastado de nós as nossas transgressões" e que, portanto, nunca mais podem voltar de uma distância tão imensa, sim, nunca mais voltarão, pois o Senhor Jesus Cristo as tem lançado nas profundezas do mar, e se elas forem procuradas, não serão achadas! Sim, não devem ser, diz o Senhor! Bem-aventurado é o homem que tem paz com Deus por meio do sangue expiatório!

O crescimento espiritual procede disto, em seguida, a paz com Deus, no que diz respeito a todas as Suas providências que só pode vir através de uma completa submissão a toda a vontade divina, porque alguns há que não estão em paz com Deus, mesmo sobre uma Providência específica que lhes afligiu anos atrás. Eles permanecem discutindo com Deus sobre a morte de uma amada esposa, ou filho, ou mãe - eles não conseguem perdoar a Deus por ter tomado uma flor do seu próprio jardim. Se eles fossem sábios, não seriam, portanto, rebeldes, mas encontrariam em seu Salvador amoroso a recompensa por todas as suas perdas. 

Esteja longe de nós levantar uma questão sobre o que a Providência de Deus já fez! Ele deve estar certo! O ponto é continuar se submetendo a esta Providência que está agora transpirando. Se, para o presente, a vontade do Senhor deve enviar-me a pobreza, a obscuridade, a dor, o cansaço, a vergonha, eu devo estar em paz com Deus quanto a tudo isto.

Se o Senhor me diz: "Vá através do mar e deixe todos os seus amigos:" Eu não devo me atrasar. Se Ele diz: "Pregue Verdades Divinas não desejáveis, que irão lhe dar inimigos", não devo hesitar. Se Ele diz: "Fique em casa com reumatismo", não devo sair. Se Ele nos nega aquilo que pensamos que iria nos fazer mais felizes,  mais úteis, não é de nenhuma utilidade para nós recalcitrarmos contra os aguilhões. O propósito divino certamente será cumprido e a miséria para nós será lutarmos contra o jugo, no esforço de tê-lo de outra forma que o amor e sabedoria infinita de Deus determinou que deve ser!

Se você não pode mudar de lugar, mude de idéia até que a sua mente lhe traga para o seu lugar e você o amará! Mas se Deus tem uma vontade e nós temos outra, é claro que a paz de Deus não será ainda o árbitro dos nossos corações. Embora perdoados e tendo terminado a grande causa da nossa guerra com Ele, ainda estamos levantando pontos menores de diferença e incitando estes conflitos. 

A submissão voluntária ao nosso Pai é a paz de Deus. Esta paz de Deus é, também, a paz, como Deus deseja - como Deus aprova. Que, você sabe, é em primeiro lugar, paz perfeita consigo mesmo e depois com todos os homens, certamente, com o seu povo, mas também com toda a humanidade. "Se possível, tanto quanto está em vós, tende paz com todos os homens." 

Sempre que tenho sofrido graves ofensas, tem sido uma satisfação para mim a sensação de que, se o meu Senhor Jesus Cristo fez expiação por minhas ofensas  e por meus erros, eu posso olhar também para Sua Expiação como expiação para o mal feito a mim como a Deus, pois Ele satisfez todas as partes em disputa. 

Mas essa paz é chamada paz de Deus, porque é a paz que Deus opera na alma. Não posso produzir essa paz dentro de mim. Isto é impossível para a natureza humana não regenerada! Só Deus pode fazê-lo!

"A paz de Deus" significa a paz que nunca termina, eterna paz, a paz que vai morar com a gente em toda a nossa jornada mortal, até que entremos na terra da imortalidade!

II. Vejamos agora que, para você possuir esta paz de Deus, você deve deixar que ela seja o árbitro do seu coração. 

Ela deve governar e ocupar o trono do seu coração. 

Para que haja paz no coração, como em qualquer outro lugar, deve haver um governante. Aquelas pessoas que estão sempre interessadas em derrubar seus governantes, podem se despedir da paz. Qualquer pessoa que esteja inclinada à anarquia deve ler a "Revolução Francesa", de Carlyle com cuidado e perguntar a si mesma se o pior rei não é, afinal, muito melhor do que o despotismo da multidão.

Você deve ter um governo dentro de sua própria alma, e se nada lhe governa, eu lhe digo abertamente, que prevalecerá o diabo! O homem que não controla a si mesmo é controlado pelo diabo, pois ele deve ter um mestre em algum lugar.

Não podemos ter dois senhores, mas é bem certo que nós devemos ter um! Uma ou outra fonte vai dominá-lo. Será o seu Criador, ou seu Inimigo? Seu Salvador, ou o seu Destruidor? É um dom abençoado da Graça se um homem está habilitado a dizer, pelo Espírito Santo - "A paz de Deus deve reinar em meu coração." Paulo aconselhou isto - "Que a paz de Deus reine em vossos corações." É nos seus corações que ela deve governar, pois tem o poder de expulsar toda rebelião. 

Você sabe que o árbitro nos jogos gregos decidiam como os corredores deveriam correr; como os lutadores deveriam lutar, de acordo com a lei do festival. Ele disse, talvez, que tal e tal golpe na luta foi um golpe sujo, e se ele disse isso, não havia questionamento - estava decidido. Nenhum homem jamais questionou ou poderia invalidar a decisão do árbitro! Sua voz terminava todo debate. 

Agora, a paz de Deus faz o mesmo em nossos corações. Devemos estar decididos a julgar todas as coisas pela paz de Deus. "O que devo fazer neste caso? Devo me humilhar? Eu não gosto, mas como eu deveria agir? Devo me submeter?" O orgulho diz: "Nunca! Não, não! Nunca ceda!" Mas o que a paz de Deus diz? Ela diz: "Renda-se". Cristo diz: "Eu vos digo que não resistais ao perverso... mas quem vos ferir na face direita, oferece-lhe a outra, também. E se alguém quiser processá-lo na Lei, e lhe tirar o casaco, deixe que tenha a sua capa, também." Cristo decide que será bom ser um sofredor, em vez de se vingar. 

Eu oro portanto, por vocês, queridos amigos, deixem que a paz de Deus decida por vocês em todas as provações de paciência, suportando erros e questões que conduzem a debate e separação

III. Muito resumidamente, eu quero, em terceiro lugar, dizer:Fortaleçam-se, queridos amigos, pelo Espírito de Deus, a fim de que possam deixar a paz de Deus reinar em seus corações e possam ser preservados de  qualquer violação desta paz celestial. 

Lembre-se, você só pode ser feliz no coração e saudável no espírito, desde que  mantenha a paz de Deus. Você pode estar certo de se tornar miserável e infeliz – de tropeçar, aqui e ali, em faltas - se esta paz de Deus se for. 
Estou certo de que não pode haver bênção onde não há paz. Uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir. 

Sempre que tenho que resolver uma disputa, eu sempre gosto de ter algo grande, uma coisa ruim nisto, que eu possa apontar para que logo concordemos com o ponto correto. Quando não posso, com o microscópio em meus olhos, descobrir o que tem ocorrido, acho que os irmãos são mais difíceis de serem conciliados. É mais fácil atirar numa coruja do que num mosquito! Pequenas diferenças irritam como minúsculos espinhos e você não pode tirá-los da carne. Oh, que o Espírito de Deus venha sobre as Igrejas e as transforme em corpos unificados de fogo! Então, elas não iriam cair aos pedaços por causa de contendas internas! Quando as almas estão sendo ganhas, quando o Evangelho está sendo apreciado, quando Cristo está sendo glorificado, quando a Igreja está em marcha, vencendo e para vencer através do poder divino que está nela, então existe paz dentro de suas fronteiras e seus cidadãos são alimentados com o mais fino trigo! Mas uma vez deixada a vida de Deus escassear e o Espírito de Deus partir, então a paz se afasta, também. Oh, deixe a paz de Deus reinar em seu coração, querido irmão, querida irmã, por causa da Igreja.

Tenho certeza de que se um cristão, sempre procurar falhas em todo mundo ele será de pouca utilidade à causa e ao reino de nosso Senhor. Aquele que, por onde passa, atua como um corvo que se eleva no ar com nenhum outro objetivo senão o de descobrir onde a carniça possa estar, eu digo, que não é um homem segundo o coração de Deus e nem fará prosperar a obra do Senhor entre os homens! Quando você ama seus irmãos cristãos para que suas faltas sejam cobertas por seu amor e você prefere admirar suas virtudes, a publicar suas enfermidades, então é que Deus é glorificado por você! Um povo feliz e pacífico de quem os homens podem dizer: "Veja como esses cristãos amam uns aos outros", brilham como astros no mundo e as trevas sentem o seu poder!

O trecho a partir do qual nosso texto é tomado nos oferece outras razões. Ele diz isso - "Para o que você também é chamado." Você foi chamado para a paz de Deus. Meu querido irmão, se você não é um homem pacífico, não tem herdado  sua verdadeira vocação. Quando o Senhor lhe chamou para fora do mundo, Ele lhe chamou para ser um pacificador. Ele chamou você com o propósito de que o Espírito da paz pudesse ser derramado em seu coração e que depois você pudesse levar essa paz consigo em sua própria família e entre todos os seus vizinhos e espalhá-la por toda parte. O Senhor Jesus nunca chamou um homem para ser um criador de contendas! Se uma mulher cristã, como ela se chama, vai de casa em casa com mexericos, ela não foi chamada por Deus para fazê-lo – disso estou certo!

Vocês que são os verdadeiros herdeiros do Céu são chamados à paz - busquem a paz e sigam-na. Onde quer que vá, trabalhe intensamente para fazer a paz. Se você vir dois meninos lutando, faça-os parar. Se você vir duas meninas de mau humor, tente fazê-las felizes uma com a outra. "Bem-aventurados os pacificadores".

Observe a seguir, "chamados em um corpo." Deve haver, portanto, a paz entre os cristãos porque somos chamados em um corpo de paz. Suponha que meu pé dissesse: "Eu não vou levar esse corpo pesado sobre mim. Veja o que eu tenho que sofrer com ele às vezes."  O que será de mim se os membros do meu corpo, começassem a brigar assim? E qual será a glória de Cristo, se seus membros viverem em disputas? O que faz a Cabeça se os membros que compõem seu único corpo místico nada têm para fazer, senão se esforçarem, um contra o outro?

Oh, não! Se você tiver qualquer diferença, acabe com elas hoje, peço-lhe, se você puder, mesmo que o vento leste seja tão penetrante! Se você tiver feito sem querer qualquer coisa que tenha entristecido a outros, tente remediá-lo. Ou se os outros têm entristecido você, termine o assunto por um doce e rápido perdão. Que seja tudo terminado com o vento leste! Somos chamados em um corpo, por isso vamos viver em paz saudável e que Deus, o Espírito Santo, o Senhor e Doador da paz, nos traga na paz de Deus e nos mantenha lá, pois para isso fomos chamados em um só corpo.

IV. O último ponto sobre o qual vou falar é este - mantenha-se correto, ocupe sua mente saudavelmente. "Como?" você pergunta. O texto diz: "Sede agradecidos." Essa é a maneira de manter a nossa paz com Deus! "Seja grato." Não reclame, mas bendiga o seu nome por tudo! Não brigue com ele, mas seja grato. Diga: "Aceitamos o bem das mãos do Senhor, e não receberíamos o mal? O Senhor o deu e o Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor." Essa é a maneira de estar em paz com Ele - ser grato a todo momento. Bendito seja Deus por suas misericórdias e por suas misérias! Bendiga-o por seus ganhos e por suas perdas! Bendiga-o por suas alegrias e prazeres, e também por suas dores!  Bendiga-o da manhã à noite e através de todas as vigílias da noite. "Ele não nos trata segundo os nossos pecados". Seja grato!

Certamente, o vento está mudando de um ponto a outro - vamos encontrá-lo soprando por um outro trimestre! Eu não estou disposto a brigar com alguém, eu preferiria correr uma milha do que lutar por meio minuto! Não há ninguém no mundo que eu gostaria de enfrentar, meu coração está cheio de boa vontade para com todos os homens! 

Ninguém no mundo é digno de contendermos contra ele como os nossos interesses temporais. Mesmo a lei necessária é incômoda e vexatória. Seja grato, então, e  com gratidão a Deus e gratidão para com aqueles ao seu redor, você pode ganhar o dia, oh, quão feliz será o dia! Na família e nos negócios, Deus será glorificado, a Igreja será dócil e unida - veremos tempos melhores e não resmungaremos por longo tempo por causa do vento leste! Que Deus lhes abençoe!

Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 1693 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.
 
 
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Por Que Se Alegrar Por Ter Passado Pela Provação?
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Publicado em: 20/9/2013
Por: Silvio Dutra
Igreja Orgânica de Jesus na Abolição - Rio de Janeiro - RJ
25dutra@gmail.com
 

 “Meus irmãos , tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações”. (Tiago 1.2)
Passardes - (do verbo grego  peripésete, 2ª pessoa do plural (vós) do 2º aoristo ativo do modo subjuntivo de Peripitw, que significa cair no meio de; ficar cercado de; dar em ou ir ter a um lugar acidentalmente; encontrar-se em. Temos então para o texto: “que vós passasseis ou que vós tivésseis passado”).

Não teríamos então no texto uma exortação à busca de novas provações, mas ter por motivo de alegria o ter passado por várias delas que contribuirão para o amadurecimento espiritual. Certamente isto não exclui as que ainda poderão vir, e que certamente virão, mas tornamos a afirmar que não temos aqui um estímulo para que se busque provações ou tentações, até mesmo porque nosso Senhor nos ensina a orar ao Pai, para que não nos deixe cair nelas, ou seja, ser conduzidos a elas.  

Várias – (do grego poikílois, que significa, variadas, diversas –  a palavra poikílos é feminina no grego, e se encontra no caso locativo plural, conforme indicado pela desinência “ois” – assim temos “em variadas”. 

Provações – do grego peirasmois, que significa tentações ou provações – a palavra peirasmós  é masculina no grego, e se encontra também no caso locativo plural – assim temos “em provações” ou “em tentações”)  

Como o que está em foco no argumento do apóstolo é a provação da fé, então temos uma melhor tradução com a própria palavra provação, conforme a achamos na versão atualizada da SBB, porque a par de toda tentação ser uma provação, nem toda provação da fé é uma tentação, como, por exemplo, a que Deus submeteu a Abraão em relação a seu filho Isaque, quando lhe pediu que o oferecesse em sacrifício.

Deus a ninguém tenta, conforme o próprio Tiago vai afirmar mais adiante nesta sua epístola.

Então as tentações são produzidas por outros agentes, especialmente o diabo, e também por nossas próprias cobiças. 

O apóstolo diz que estas variadas provações são para motivo de alegria, não que sejam uma fonte de alegria em si mesmas, mas no bom resultado para o qual contribuirão posteriormente, como por exemplo o refinamento e confirmação da nossa fé. 

Thomas Manton disse com propriedade:“O cristão vive acima do mundo, porque ele não julga de acordo com o mundo. O desprezo do apóstolo Paulo por todos os acidentes deste mundo é decorrente do seu julgamento espiritual a respeito deles: Rom 8.18 “Tenho por certo que as aflições deste mundo presente não podem ser comparadas com a glória a ser revelada em nós”. 

E ainda:“As aflições para o povo de Deus não somente são uma ocasião para ministrar a paciência, mas muita alegria. O mundo não tem razão para pensar sobre a religião de Cristo de um modo negro e sombrio: como diz o apóstolo, “A fraqueza de Cristo é mais forte que a força dos homens”, 1 Coríntios 1.25, o pior modo da graça é melhor do que o melhor do mundo; “toda a alegria, quando em diversas provações”. Um cristão é uma ave que pode cantar no inverno, bem como na primavera, ele pode viver no fogo como na sarça de Moisés, que ardia, e não ser consumido. O conselho do texto não é um paradoxo, criado apenas para noção e discurso, ou alguma fantasia, mas uma observação, construída em cima de uma experiência comum e conhecida: este é o modo de os crentes se alegrarem por suas provações.

Certamente um espírito abatido vive muito abaixo da altura dos privilégios e princípios cristãos. Paulo, em sua pior condição sentiu uma exuberância de alegria: “Estou me regozijando”;  e também, em outro lugar ele foi mais longe ainda ao dizer: Rom 5.3: “nos gloriamos nas tribulações” que denota uma maior alegria. 2 Cor 6.10 é o lema de Paulo “contristados, mas sempre alegres”, e este pode ser o lema de todo cristão.” 
 
 
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29 de mar. de 2014

Prefácio da Epístola aos Romanos por Lutero
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Publicado em: 15/9/2013
Por: Silvio Dutra
Igreja Orgânica de Jesus na Abolição - Rio de Janeiro - RJ
25dutra@gmail.com
 
Esta Epístola é realmente a parte principal do Novo Testamento e o mais puro Evangelho, sendo digna não apenas que todo cristão a conheça, de coração, palavra por palavra, mas que se ocupem diariamente com ela, como o puro pão diário da alma. Seu conteúdo jamais pode ser esgotado, e quanto mais nos dedicamos ao seu estudo, mais preciosa se torna, e mais saborosa fica.
E assim, na medida em que Deus me der o seu poder para abrir caminho com este prefácio, eu farei o melhor que posso a fim de ser compreendido por todos. Pois, até então, esta Epístola tem sido maldosamente obscurecida com comentários sem utilidade, mas ela é, em si mesma, uma luz brilhante quase suficiente para iluminar toda a Escritura.
 
Primeiramente devemos ter conhecimento de sua linguagem e saber o que Paulo pretendia dizer com palavras como lei, pecado, graça, fé, justiça, carne, espírito e etc., pois, do contrário, a leitura não terá o menor valor.
 
Pelo simples termo “lei”, você não deve ter em mente aqui o seu entendimento comum, como o que deve ou não ser feito, pois este seria o padrão humano da lei, ou seja, aquilo que deve ser cumprido, mesmo que o coração não esteja envolvido no processo.
 
Porém Deus julga de acordo com o que está no profundo do coração, e por essa razão sua lei estabelece exigências sobre o mais íntimo do coração, as quais não podem ser satisfeitas com obras. Por outro lado, Sua lei pune as obras que não são realizadas do mais profundo do coração, como a hipocrisia e a mentira. Em razão disso, todos os homens são chamados mentirosos (Salmo 116) pela fato de que ninguém guarda ou não pode guardar a lei de Deus do fundo do coração, pois todos encontram em si mesmos desgosto por aquilo que é bom e prazer naquilo que é mau. Logo, se não há disposição prazerosa naquilo que é bom, então, interiormente, não há cumprimento da lei de Deus, pois ali certamente há pecado, e a ira de Deus é merecida mesmo que externamente seja apresentada uma vida honrada e com boas obras.
Desta forma, no capítulo 2, Paulo conclui que todos os judeus são pecadores, e diz que os que cumprem a lei são justos diante de Deus. Isso significa que ninguém por suas obras é um cumpridor da lei; mas contrariamente lhes diz: “Ensinas a não cometer adultério, mas tu o cometes,” e “No que julgas o outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas”; como se diz, “Externamente vives bem a lei, e julgas aqueles que não a vivem, e sabes como ensinar a cada um; tu vês o cisco no olho dos outros, mas não vês a trave no teu.”
 
Pois mesmo que com tuas obras cumpras a lei motivado por medo da punição ou amor à recompensa, contudo, farás tudo isso sem disposição e prazer, sem amor para com a lei, mas sim de má vontade, sob compulsão; se a lei não estivesse lá, você preferiria fazer outra coisa. A conclusão é que no fundo do seu coração odeias a lei. O que importa, então, se você ensina os outros a não roubar se você é um ladrão no coração, que gostaria de ser também um externamente caso pudesse? Embora, com certeza, a obra externa não está muito atrás de tais hipócritas! Assim ensinas os outros, mas não ensinas a ti mesmo; e tu mesmo não sabes o que ensinar, e nunca tiveste um entendimento correto da lei. Não, a lei aumenta o pecado, como diz o capítulo 5, pelo fato que quanto mais a lei exige o que o homem não pode fazer, mas eles a odeiam.
 
Por essa razão ele diz no capítulo 7: “A lei é espiritual.” O que é isso? Se a lei fosse para o corpo, ela poderia ser satisfeita com obras; mas desde que ela é espiritual, ninguém pode satisfazê-la dessa forma, a menos que tudo o que se faz seja feito do fundo do coração. No entanto, somente o Espírito de Deus pode dar um novo coração capaz de fazer o homem andar de conformidade com a lei, levando-o a desejá-la no seu coração, e assim levando-o a não fazer mais nada por medo ou constrangimento, e sem a devida disposição de coração. É assim que a lei é espiritual, a qual será amada e cumprida por um coração espiritual habitado pelo Espírito. Se o Espírito não está no coração, ali o pecado permanece, juntamente com a inimizade e o desprazer para com a lei; apesar de ser a lei boa, justa e santa.
 
Habitue-se, então, com esta linguagem e você perceberá que fazer o trabalho da lei e cumprir a lei são duas coisas muito diferentes. A obra da lei é tudo o que se faz ou que pode ser feito voluntariamente para com as próprias forças guardar a lei. Porém, uma vez que todas essas obras são realizadas sem o devido prazer ou não provém de correta compulsão para guardar a lei, todas elas são perdidas e não possuem valor. Isso é o que Paulo quer dizer no capítulo 3, quando diz: “Por obras da lei ninguém será justificado diante de Deus.” Nisso você pode ver que os argumentadores e sofistas são enganadores quando ensinam que os homens devem se preparar para a graça por meio das obras. Como pode um homem se preparar para o bem por meio das obras, se ele não faz boas obras sem desgosto e indisposição de coração? Como poderá agradar a Deus com um coração relutante e resistente?
 
Para cumprir a lei, no entanto, é preciso viver com prazer, amor e, sem a obrigatoriedade da lei, ser livremente piedoso. É o Espírito Santo quem põe este prazer e amor pela lei no coração, como ele diz no capítulo 5: Mas o Espírito Santo não é dado, exceto em, com e pela fé em Jesus Cristo, como ele diz na introdução; e fé não vem, senão somente pela Palavra de Deus ou pelo Evangelho que prega a Cristo como homem e Filho de Deus, que morreu e ressuscitou por nossa causa, como ele diz nos capítulos 3, 4 e 10.
Daí vem que somente a fé aplica a justiça e completa a lei; o que jamais ocorreria fora dos méritos de Cristo, os quais são trazidos pelo Espírito que faz com que o coração se alegre livremente como deseja a lei. Dessa forma, as boas obras provêm da fé. Isto é o que ele quer dizer no capítulo 3, após ter rejeitado as obras da lei, de modo que soa como se fosse abolir a lei pela fé; “Não”, ele diz, “nós estabelecemos a lei pela fé”, isto é, nós a cumprimos pela fé.
 
Pecado, na Escritura, não se relaciona apenas com obras externas do corpo, mas com toda a atividade interna, do íntimo do coração, que leva o homem com todas as suas forças a praticar essas obras. Assim, o breve termo “fazer” deve significar que um homem cai no pecado e anda no pecado. A princípio, isso não tem a ver apenas com obras pecaminosas externas, a menos que um homem se entregue de corpo e alma ao pecado. As Escrituras olham especialmente para o coração e tem em conta a raiz e a fonte de todo pecado que é a incredulidade no intimo do coração. Como, portanto, somente pela fé alguém se torna justo através da obra do Espírito, o qual gera prazer para com as coisas boas e eternas, assim também a incredulidade proporciona tal pecado, que trazido à carne, produz prazer em más obras tal como aconteceu com Adão e Eva no Paraíso.
 
Assim Cristo chama a incredulidade de único pecado quando diz em João 16: “O Espírito repreenderá o mundo por pecar, porque eles não creem em mim.” Por esta razão, também, antes das obras boas ou más serem feitas, ou seja, dos frutos, primeiramente existe no coração a fé ou a incredulidade, que é a raiz, a seiva proveniente do chefe do poder de todos os pecados. E este é nas Escrituras conhecido como o cabeça da Serpente e o velho dragão que pela semente da mulher, Cristo, será pisado como foi prometido a Adão em Gênesis 3.
 
Entre graça e dom há uma diferença. Graça significa propriamente o favor de Deus ou a boa vontade de Deus para conosco, no qual Ele se dispõe a nos dar Cristo e a derramar seu Espírito Santo e seus dons sobre nós. Isto fica claro no capítulo 5 que fala da “graça e dádiva em Cristo.” Os dons e o Espírito aumentam em nós diariamente, embora ainda não sejam perfeitos, e ainda que em nós permaneça a presença do mal e do pecado que guerreia contra o Espírito, como Paulo menciona em Romanos 7 e Gálatas 5, e na disputa entre a semente da mulher e a semente da serpente conforme predito em Gênesis 3. Contudo, a graça faz muito mais a ponto de sermos achados completamente justos diante de Deus. Pois sua graça não está dividida ou fragmentada, como acontece com os dons, mas por causa de Cristo nosso intercessor e mediador e daquelas dádivas que já foram iniciadas em nós, a graça nos toma inteiramente no seu favor.
 
Neste sentido, então, você pode entender porque Paulo, no capítulo 7, refere-se a si mesmo como um pecador, apesar da falta de completude dos dons e do Espírito, ele diz ainda, no capítulo 8, que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo. Por não estar a carne definitivamente morta, nós ainda somos pecadores; porém por crermos e termos as primícias do Espírito, Deus nos é tão favorável e gracioso que não nos imputa pecado, nem nos julga por isso, mas, até a destruição final do pecado, lida conosco segundo a fé que temos em Cristo.
 
Fé não tem a ver com uma noção humana puramente imaginativa como alguns sustentam, pois isto não é seguido por aperfeiçoamento de vida e boas obras. E ainda que possam ouvir muitas coisas sobre a fé, contudo caem no erro quando dizem: “A fé não é suficiente, é preciso fazer obras, a fim de ser justificado e salvo”. Esta é a razão porque ao ouvirem o Evangelho criam para si mesmos uma compreensão que lhes faz dizer: “Eu creio”. Apesar de terem isso por fé verdadeira, todavia não passa de mera imaginação que jamais alcança o coração e nunca produz bem algum.
 
No entanto, fé é uma obra divina operada pelo Espírito em nós. Ela nos transforma e nos faz nascer de novo (João 1); ela mata o velho Adão e nos faz homens completamente diferentes de coração, no espírito, na mente e nas forças. Essa vida na fé é completa, ativa e poderosa; e por isso é impossível não estar completamente envolvido com boas obras. Ela não questiona se há boas obras para serem feitas, mas antes que se pense nisso, já as fez e está sempre a fazer. Aquele que não faz estas obras é um homem sem fé. Ele tateia e olha, porém nunca sabe o que é fé e boas obras, embora fale muito sobre isso.
 
Fé é uma confiança tão viva na graça de Deus que de modo certo e seguro o homem seria capaz de arriscar sua vida mil vezes nisso. Esta confiança na graça e no conhecimento de Deus gera homens felizes e confiantes no que concerne as coisas de Deus e de toda a criação; este é o trabalho do Espírito Santo através da fé. Assim um homem está pronto e feliz, não precisando ser pressionado para servir ou fazer o bem a alguém, ou para sofrer todas as coisas por amor e louvor ao Deus que tem lhe mostrado a sua graça. Assim, é impossível separar as obras da fé, tanto quanto é impossível separar o calor das chamas. Cuidado, portanto, com suas noções falsas e com os faladores inativos que se consideram sábios o suficiente para definirem o que querem em termos de fé e boas obras. Estes são os maiores tolos. Ore a Deus para produzir fé em você, pois, do contrário, sempre permanecerá sem fé em seus pensamentos e obras.
 
A “Justiça de Deus” ou “a justiça que provém de Deus” é dada ao pecador que pode contá-la como sua por causa de Cristo, nosso Mediador. Por meio da fé o homem se torna sem pecado, passando a ter prazer nos mandamentos de Deus; assim, ele dá a Deus a honra que lhe é devida e lhe tributa o que deve, inclusive servindo de boa vontade o seu próximo. Dessa forma, ele não deve nada a ninguém. Essa justiça, a natureza, nossa vontade e todas as nossas forças não podem produzir nada. Ninguém pode por força própria produzir fé ou arrancar a sua própria incredulidade; como, então, alguém poderia expiar um único pecado, mesmo o menor? É assim que tudo o que é feito sem fé é falso; é hipocrisia e pecado, não importando quão bom tenham sido os seus feitos (Romanos 14).
 
Então, você não deve achar que a carne tem a ver apenas com as coisas impuras e o espírito apenas com as coisas interiores do coração. Tanto Paulo quanto Cristo em João 3 chamam a “carne” de coisas nascidas da carne, pois referem-se ao homem como um todo com corpo e alma, mente e sentidos, pois todo o seu ser anseia pela carne. Assim vocês devem tratar como carnal quem pensa, ensina e fala sobre grandes assuntos espirituais sem possuir a graça de Deus. Sobre as obras da carne de Gálatas 5, você pode observar que Paulo chama de heresia e odeia as obras da carne; e em Romanos 8 ele diz que a lei se tornou enferma pela carne, e isto não se refere à falta de castidade, mas a todos os pecados, sobretudo a incredulidade, que é o mais espiritual de todos os vícios. Por outro lado, ele chama de espiritual alguém ocupado com os trabalhos mais externos da vida como Cristo que lavou os pés dos discípulos e Pedro que conduziu seu barco para uma pescaria. Assim o termo “carne” pode se referir a um homem que vive e trabalha, interna ou externamente, no serviço temporal; e o termo “espírito” ao homem que, interna ou externamente, vive e trabalha a serviço do Espírito e da vida futura.
 
Sem a compreensão destas palavras, você não entenderá esta carta de Paulo e nenhum livro das Sagradas Escrituras. Portanto, cuidado com todos os mestres que usam estas palavras num sentido diferente, não importando se esses professores sejam até mesmo Jerônimo, Agostinho, Ambrósio, Orígenes ou quaisquer outros como ou maiores que esses. Agora já podemos abrir a Epístola.
 
Primeiramente, é justo que um pregador do Evangelho, por uma revelação da lei e do pecado, reprove e mostre que o pecado não é o fruto vivo do Espírito e da fé em Cristo a fim de que os homens sejam levados a conhecerem a si mesmos, percebendo as suas próprias misérias e tornando-se humildes a ponto de clamarem por socorro. Isto é o que Paulo faz! Logo no início, no Capítulo 1, ele reprova os graves pecados e a incredulidade que foram e ainda são, claramente, evidenciados como os pecados dos pagãos que vivem sem a graça de Deus.
 
Ele diz: “A ira de Deus é revelada do céu pelo Evangelho, sobre todos os homens por causa de suas impiedades e injustiças. Porque ainda que saibam e diariamente reconheçam que há um Deus, no entanto, a própria natureza, sem a graça de Deus, é tão má que não são capazes de lhe agradecer e nem honrá-lo. É assim que indo de mal a pior caem numa idolatria cega que os leva a cometerem os pecados mais vergonhosos, com todos os vícios, e nem mesmo se envergonham disso, mas, pelo contrário, ainda incentivam outros a fazerem coisas tão vis e repreensíveis quanto as suas.
 
No capítulo 2, Paulo estende esta repreensão ainda mais longe, direciona-a para aqueles que exteriormente parecem ser justos, mas pecam em secreto. Tais eram os judeus e tais são todos os hipócritas que, sem o desejo ou amor pela lei de Deus, levam uma boa vida, mas odeiam a lei de Deus em seus corações, e ainda são propensos a julgarem outras pessoas. É esta a natureza de todos os hipócritas que apesar de se julgarem puros, estão cheios de cobiça, ódio, orgulho e toda imundícia (Mateus 23). Estes são os que desprezam a bondade de Deus e pela sua dureza acumulam para si mesmos ira. Assim, Paulo, como um fiel intérprete da lei, não permite que ninguém se considere sem pecado, mas proclama a ira de Deus sobre todos os que vivem pela sua própria natureza e vontade, fazendo-os se perceberem como pecadores. Na verdade, Paulo os reputa como endurecidos e impenitentes.
 
No capítulo 3, ele põe todos juntos e diz que um é como o outro. Todos são pecadores perante Deus, exceto que os judeus tiveram a Palavra de Deus. Com certeza, muitos não creram nela, mas isso não significa que a fé e a verdade de Deus perderam seu valor. Paulo ainda cita uma parte do Salmo 51 que diz que Deus permanece justo em suas palavras. Depois disso, Paulo volta novamente ao tema para provar pelas Escrituras que todos são pecadores e que por obras da lei ninguém é justificado, pois a lei foi somente dada para que o pecado pudesse ser conhecido.
 
Então, Paulo começa a ensinar a maneira correta pela qual os homens devem ser justificados e salvos. Ele diz que todos são pecadores e sem louvor algum da parte de Deus, mas que devem ser justificados, sem méritos, mediante a fé em Cristo, que, pelo seu sangue, comprou isso para nós, sendo oferecido como propiciação a Deus por todos os nossos pecados, provando assim que fomos ajudados somente por sua justiça, que nos concede a fé revelada no Evangelho “anteriormente testemunhado pela lei e pelos profetas”. Assim, a lei é estabelecida pela fé, embora, por isso, as obras da lei tenham caído juntamente com toda a reputação que concediam.
 
Após os primeiros três capítulos, no qual o pecado é revelado e o caminho da fé para a justificação é ensinado, no capítulo 4, Paulo começa a levantar algumas objeções. Primeiro, ele aponta o que todos os homens normalmente fazem quando ouvem falar de uma fé que justifica sem obras. Eles dizem: “Então os homens não fazem boas obras?” Dessa forma, ele toma o caso de Abraão e pergunta: “Então, o que alcançou Abraão com as suas boas obras? Foram todas em vão? Ele conclui que Abraão foi justificado pela fé, sem obras, e mais que isso, as próprias Escrituras, em Gênesis 15, declaram que ele foi justificado pela fé somente, mesmo antes da circuncisão. Mas se o trabalho da circuncisão em nada contribuiu para a sua justiça, embora tenha sido ordenada por Deus, sendo uma boa obra de obediência, então, certamente, nada mais poderá contribuir para a justiça. Por outro lado, se a circuncisão de Abraão foi um sinal externo pela qual ele mostrou a justiça que já era sua pela fé, então todas as boas obras são apenas sinais externos que por seus frutos mostram que o homem já foi interiormente justificado diante de Deus.
 
Com esta poderosa ilustração das Escrituras, Paulo estabelece a doutrina da fé que ele já havia ensinado no capítulo 3. Ele também apresenta outra testemunha, Davi, que no Salmo 32 diz que o homem é justificado sem obras, embora ele não permaneça sem obras após ter sido justificado. Assim ele dá uma ilustração mais ampla e conclui que os judeus não podem ser herdeiros de Abraão somente por questões de sangue, nem ainda por cumprirem a lei, mas, caso sejam verdadeiros herdeiros, o serão pela fé. Porque antes da lei – a de Moisés ou a da circuncisão – Abraão foi justificado pela fé e chamado o pai dos que creem; além disso, a lei opera ira em vez de graça, pois ninguém a guarda com prazer e amor, de modo que o que vem pelas obras da lei é desgraça ao invés de graça. Por isso, somente pela fé se obtém a graça prometida a Abraão, pois estes exemplos foram registrados por nossa causa a fim de que também viéssemos a crer.
 
No capítulo 5, Paulo trata dos frutos e das obras da fé, tais como paz, alegria, amor a Deus e a todos os homens, confiança, ousadia, coragem, esperança na tribulação e sofrimento. Porque quando há fé verdadeira todas estas coisas acompanham o crente, devido a superabundante bondade que Deus nos mostra em Cristo, de modo que ele o entregou à morte por nós antes que pudéssemos lhe pedir isso, ou melhor, quando ainda éramos seus inimigos. Assim, temos uma fé que justifica sem obras, e isso não significa que estamos isentos da prática de boas obras, mas sim que elas nos acompanharão. Destas justas obras dos santos não sabemos nada, mas, certamente, nos seguirão paz, alegria, confiança, amor, esperança, ousadia e as qualidades da verdadeira fé e obra cristã.
 
Depois disso, Paulo faz um agradável passeio e comenta sobre a procedência do pecado e da injustiça, da morte e da vida, fazendo uma comparação entre Adão e Cristo. Ele diz que Cristo tinha que vir como segundo Adão para nos legar sua justiça através do novo nascimento mediante a fé, tal como o primeiro Adão nos legou o pecado através do antigo nascimento carnal. Assim, ele declara, e confirma isso, que o primeiro por suas próprias obras poderia ajudar a sair do pecado apenas se impedisse o nascimento do seu próprio corpo. Isso é provado pelo fato de que a lei divina que deveria contribuir para a justiça, se alguma coisa pode, não só não ajudou como também aumentou o pecado, pois quanto mais a lei proíbe, mais nossa natureza má a odeia, e mais quer dar asas à sua própria concupiscência. Assim, a lei de Cristo faz-se ainda mais necessária e mais a graça é indispensável para ajudar a nossa natureza.
 
No capítulo 6, Paulo retoma o assunto da obra especial da fé, do conflito entre a carne e o espírito, visando ao completo assassinato do pecado e da luxúria que ainda permanecem mesmo depois de sermos justificados. Ele nos ensina que pela fé nós não somos tão livres do pecado que podemos viver ociosa e descuidadamente como se o pecado não residisse em nós. Há pecado, mas esse já não é mais contado para a condenação por causa da fé que está em oposição. Portanto, temos o suficiente para ao longo de nossa vida domesticarmos o corpo, aniquilarmos suas concupiscências e compelirmos os seus membros à obediência ao espírito, e não à luxúria, de forma que nossa vida se torne como a morte e ressurreição de Cristo, completando o nosso batismo que significa a morte para o pecado e a vida nova na graça até que sejamos completamente livres do pecado, e até que os nossos corpos sejam ressuscitados com Cristo e vivam eternamente.
É o que podemos fazer, diz Paulo, porque estamos na graça e não na lei. Ele mesmo explica que ficar sem a lei não é a mesma coisa que não ter lei e ser capaz de fazer aquilo que agrada; mas nós estamos debaixo da lei quando, sem a graça, nos ocupamos no trabalho da lei. Então o pecado certamente governa pela lei, pois ninguém ama a lei por natureza, o que é grande pecado. A graça, porém, torna a lei querida para nós, e assim não há mais pecado, pois a lei passa a estar do nosso lado, e não contra nós.
 
Esta é a verdadeira liberdade do pecado e da lei, da qual ele escreve, até o final deste capítulo, que é apenas uma liberdade para viver e cumprir prazerosamente a lei, e não mais sendo compelido por ela. Por isso, esta liberdade é espiritual, que não abole a lei, mas cumpre o que a lei exige, ou seja, prazer e amor. Assim, a lei se aquieta e não mais pressiona com suas exigências. É como se você tivesse uma dívida para com seu credor e não pudesse pagá-la. Há duas maneiras pela qual você poderia se livrar da dívida: ou ele não tomaria nada de você e rasgasse a nota promissória; ou algum homem bom pagasse sua dívida. É esta última alternativa que Cristo nos forneceu para nos tornar livres da lei. Nossa liberdade, portanto, não é carnal, como se estivéssemos desobrigados a cumprir a lei, mas uma liberdade que realiza muitas obras de todos os tipos, mas que não é impulsionada pelas demandas e dívidas da lei.
 
No capítulo 7, Paulo ilustra isso com uma parábola da vida matrimonial. Quando um homem morre, sua esposa fica livre para casar novamente; o ponto não é que ela pode ou não fazer isso, mas que agora está realmente livre para isso, algo que era inconcebível enquanto vivia seu marido. Assim, nossa consciência está ligada à lei pelo velho marido, porém, pelo Espírito, ao morrer o marido, sendo liberto um do outro, nossa consciência torna-se livre. Não significa que a consciência não faz mais nada, mas que agora está realmente livre para se unir a Cristo, o segundo marido, e produzir fruto de vida.
 
Então Paulo traz um quadro geral sobre a natureza do pecado e da lei, mostrando como, através da lei, o pecado agora age poderosamente. O velho homem odeia a lei porque ele não pode cumprir o que ela exige, pois sua natureza é pecaminosa e por si mesmo não pode fazer nada além de pecar; por isso a lei é morte e tormento para ele. Não que a lei é má, mas sua natureza má não pode suportar o bem, e a lei exige o bem dele. Tal como uma pessoa doente não pode suportar quando lhe exigem que corra, pule e faça coisas como alguém saudável.
 
Por isso Paulo conclui aqui que a lei, corretamente entendida e devidamente aplicada, não faz nada mais do que lembrar-nos de nossos pecados e nos levar a morte, fazendo-nos susceptíveis a ira eterna. Tudo isso é ensinado e vivenciado pela nossa consciência, quando está realmente presa à lei. Por isso um homem deve ter algo mais do que a lei para torná-lo justo e salvá-lo. Mas os que não entendem corretamente a lei são cegos. Eles, presunçosamente, vão à frente e acham que podem satisfazer a lei com suas obras, não sabendo o que a lei exige, ou seja, um coração disposto e feliz. Por isso, eles não veem claramente a Moisés, pois há um véu colocado entre eles, que os cobre e os impede de ver Moisés.
 
Depois disso, Paulo mostra como ocorre a luta do espírito contra a carne no homem. Ele mesmo se coloca como um exemplo a fim de podermos compreender como funciona o trabalho da escravidão do pecado dentro de nós. Ele chama ambos, o espírito e a carne, de “leis”, pois assim como é a natureza da lei divina para conduzir os homens e fazer exigências a eles, assim também a carne conduz os homens e de seu próprio modo faz exigências a eles, enfurecendo-se contra o espírito que igualmente faz suas exigências. Este embate dura por toda a vida, embora para alguns o calor da batalha possa ser maior ou menor dependendo da forca ou fraqueza da carne. No entanto, o todo do ser do homem é espírito e carne, os quais lutam com ele até torná-lo completamente espiritual.
 
No capítulo 8, Paulo encoraja estes lutadores, dizendo-lhes que esta carne não pode lhes trazer condenação. Ele mostra ainda como é a natureza da carne e do espírito e como o espírito procede de Cristo, o qual nos tem dado o seu Espírito Santo para nos tornar espirituais e subjugar a carne. Ele nos assegura ainda que somos filhos de Deus, no entanto a dureza do pecado pode se enraivecer dentro de nós, sendo guiados pelo Espírito, a lhe resistimos e o matamos. No entanto, nada é tão bom para a mortificação da carne como a cruz e o sofrimento, pois ele nos conforta nesses momentos através da provisão do Espírito de amor e de toda a criação. Pois tanto os gemidos do Espírito dentro de nós quanto o anseio da criação clamam para que sejamos livrados da carne e do pecado. Assim, vemos que estes três capítulos (6 a 8) abordam o tema do trabalho da fé que tem por finalidade matar o velho Adão e subjugar a carne.
 
Nos capítulos 9, 10 e 11, Paulo ensina sobre a predestinação que Deus estabeleceu desde a eternidade, à qual originalmente relaciona-se com o seu livramento ou não do pecado. Dessa forma é acentuado que a capacidade de tornar-se justo está totalmente fora do alcance humano, pois procede inteiramente das mãos de Deus. E isso é o mais altamente necessário, pois somos tão fracos e incertos que, caso estivesse isso em nosso poder, certamente nenhum homem poderia ser salvo, pois, fatalmente, o diabo nos dominaria. Porém, uma vez que em Deus isso é certo, sua predestinação não pode falhar e ninguém pode lhe resistir, temos, assim, esperança contra o pecado.
 
E aqui temos que estabelecer um limite para os espíritos audazes e de alta escala que trazem o seu próprio pensamento para essa questão. Eles estão no topo procurando o abismo da predestinação divina e preocupam-se em vão com sua predestinação. Eles cairão ou entrarão em desespero, pois estão se arriscando demais.
 
Mas, você tem seguido a ordem desta epístola? Preocupe-se primeiro com Cristo e o Evangelho, pois poderá reconhecer o seu pecado e a graça de Cristo. Então, lute contra seus pecados como tem ensinado os primeiros capítulos. Assim, quando alcançar os primeiros oito capítulos e estiver sob a cruz e o sofrimento, será confortado com o aprendizado da correta doutrina da predestinação nos capítulos nono, décimo e décimo primeiro. Pois sem sofrimento, cruz e perigo de morte não é possível falar sobre predestinação sem acarretar danos e ira divina. O velho Adão deve morrer antes que possa suportar este assunto e beber o seu forte vinho. Por isso, esteja consciente de que enquanto se está no aleitamento deve ser evitado o beber vinho. Há um limite, um tempo e uma idade para cada doutrina.
 
No capítulo 12, Paulo ensina, e faz todos os sacerdotes cristãos saberem, que a verdadeira adoração tem a ver não com a oferta de dinheiro ou gado, como nos termos da lei, mas com a oferta de seus próprios corpos como uma legítima mortificação da luxúria. Em seguida, ele passa a descrever a conduta externa dos cristãos, sob o governo espiritual, dizendo como eles devem ensinar, pregar, governar, servir, doar, sofrer, amar, viver e assistir os amigos, inimigos e todos os homens. Estas são as obras que fazem os cristãos, pois, como já foi dito, a fé não tira férias.
 
No capítulo 13, Paulo ensina honra e obediência aos governantes do mundo, que realizam muito, embora incapazes de fazerem seu povo justo diante de Deus. Eles foram instituídos a fim de que os bons possam se sentir em paz externa e em proteção, e que os maus não possam se sentir sem medo, ou em paz e tranquilidade ao fazerem o mal.
 
Portanto, o justo é honrado por isso, embora não necessite disso. No fim, ele compreende todas as coisas no amor, e está incluído no exemplo de Cristo, o qual tem feito por nós o que também devemos fazer ao seguir seus passos.
No capítulo 14, Paulo ensina que as consciências fracas devem ser poupadas e levadas suavemente na fé, por isso os cristãos não deveriam usar a sua liberdade para fazerem o mal, mas para apoiarem os fracos. E se isso não fosse feito, então a discórdia e o desprezo ao Evangelho se seguiriam, porém o mais importante é o Evangelho. Assim, é melhor fornecer as condições para que o fraco na fé cresça mais forte, do que ver a doutrina do Evangelho resultando em nada. Este é um trabalho peculiar de amor, no qual ainda hoje há uma grande necessidade, pois no que se refere a estas questões de liberdade, muitos, agindo grosseiramente, estão sacudindo consciências fracas que ainda não conhecem a verdade. No capítulo 15, ele apresenta o exemplo de Cristo para mostrar que devemos sofrer por aqueles que são fracos de outras maneiras, tais como aqueles cuja fraqueza reside em pecados públicos ou mesmo em hábitos desagradáveis. Estes homens não devem ser abandonados, mas cuidados até que atinjam uma estatura. Por isso Cristo fez tudo, e ainda faz todos os dias. Ele nos suporta constantemente apesar das muitas faltas, maus hábitos e todas as nossas imperfeições.
 
Finalmente, então, Paulo ora por eles, os louva e os recomenda a Deus. Ele fala de sua missão e dos desafios da pregação do Evangelho, e pede que os romanos gentilmente ajudem e ofertem aos pobres de Jerusalém. E assim, tudo, seja por palavras ou obras, deveria ser conduzido com puro amor.
O último capítulo é dedicado aos cumprimentos finais, mas junto dele há também uma importante advertência contra as doutrinas de homens, que se tornam ofensivas quando postas ao lado da doutrina do Evangelho. É como se tivesse previsto que de Roma e pelos romanos viriam os sedutores e ofensivos cânones e decretos que enredando toda a massa das leis humanas e mandamentos acabariam por afogar o mundo inteiro, anulando esta epístola e todos os santos das Escrituras, juntamente com o Espírito e a fé, não permitindo que nada permanecesse, exceto a adoração do próprio ventre, cujos agentes são por Paulo aqui repreendidos. Amém.
 
Assim, nesta epístola encontramos mais ricamente as coisas que um cristão deve saber, ou seja, o que é lei, Evangelho, pecado, castigo, graça, fé, justiça, Cristo, Deus, boas obras, amor, esperança, a cruz, e também como devemos nos comportar para com todos, quer justos ou pecadores, fracos ou fortes, amigos ou inimigos. Tudo isso é habilmente fundamentado pelas Sagradas Escrituras e provado pelo seu próprio exemplo e o dos profetas. Dessa forma, parece que Paulo queria incluir sinteticamente nesta epístola o Cristianismo completo e a doutrina evangélica preparando-nos uma introdução para todo o Antigo Testamento; pois, sem dúvida, aquele que tem esta epístola bem firmada no seu coração, tem com ele a luz e o poder do Antigo Testamento. Portanto, permita que cada cristão se exercite continuamente nessa epístola a fim de que Deus possa derramar a Sua graça. Amém.

MARTIN LUTHER
 
 
 
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Publicado em: 2/9/2013
Por: Silvio Dutra
Igreja Orgânica de Jesus na Abolição - Rio de Janeiro - RJ
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“O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam..” (Naum 1.7)

Você já leu este capítulo? Ele é muito terrível - é como o barulho de um rio caudaloso, quando está se aproximando de uma cachoeira. Ele fervilha e flui com força esmagadora, carregando tudo diante de si, mas, bem no meio da inundação crescente, destaca-se, como uma ilha verde, este amável texto confortador e deleitável! 
Ouça por um minuto as palavras de terror do profeta: "O Senhor é tardio em irar-se, e grande em poder, e não inocentará o culpado: o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios. Basã definha, e o Carmelo, e a flor do Líbano definham. Os montes tremem perante Ele, e os outeiros se derretem, e a terra é devastada diante da Sua Presença, sim, o mundo, e tudo o que nele habita. Quem pode ficar de pé diante da Sua    indignação? E quem suportará o ardor da Sua ira? O Seu furor se derramou como um fogo, e as rochas foram por Ele derrubadas."
Então, assim como há, por vezes, uma pausa e um silêncio prazeroso mesmo no meio de um grande coro de música sacra, assim também, aqui o trovão faz uma pausa, o furacão está parado e nós ouvimos a música doce desta suave voz: "Jeová é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele" - na    qual podemos nos reunir já que há sempre um esconderijo para o Seu povo - Seus olhos de amor estão fixados sobre eles, mesmo quando são um pavio fumegante diante dos Seus adversários! Nada lhes fará dano algum, ainda que a terra seja removida e as montanhas sejam lançadas no meio do mar! Eles podem se alegrar na bondade do Senhor, no dia da Sua ardente ira.
I. Analisando o nosso texto, vamos então, primeiro, pensar sobre o próprio Deus - "o Senhor é bom."
É bom para nós, sermos capazes de dizer isto quando o dia da angústia está realmente sobre nós. Uma coisa é sentar-se sob sua videira e figueira e cantar: "O Senhor é bom." Mas é outra coisa quando a videira e a figueira foram ambas cortadas e todo o seu conforto se foi, e ainda dizer: "O Senhor é bom." Você não acha que, se não formos capazes de dizê-lo no segundo caso citado, ele vai olhar como se, afinal de contas, fosse a videira e a figueira que eram boas, e não Deus? Ou, pelo menos, que a nossa visão da bondade de Deus era muito derivada do fato de estarmos em tanto conforto? Esta foi uma acusação que Satanás trouxe contra Jó, que ele amava a Deus pelo que Ele lhe dera - " Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra?" O diabo é muito apto para acusar o povo de Deus de ter um amor egoísta, mas é bom para nós, refutar a acusação, amando, louvando e adorando a Deus quando os confortos falharem, quando a proteção for removida e quando as coisas que recebemos com gratidão são, por fim, em sabedoria, tiradas. Oh, que grande repulsa teve Satanás quando Jó, em seu monturo raspando suas feridas e com seus filhos mortos e os seus bens perdidos, ainda disse: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor."
Deus é eterna e imutavelmente bom. Ele não pode ser melhor! Ele não pode ser pior, Ele é absolutamente perfeito. Não pode haver uma melhoria e não pode haver depreciação n`Ele.
II. Em segundo lugar, Deus é bom para conosco. O que é Ele para nós? "é fortaleza no dia da angústia."
É bom saber que Deus está nas circunstâncias especiais. As circunstâncias especiais aqui mencionados são, "no dia da angústia." Lembre-se que é apenas um dia, não é uma semana, nem um mês, e Deus não vai permitir ao diabo que ele adicione uma hora extra àquele dia. É um "dia de angústia." Há um fim para todas as nossas aflições. Alguém disse bem:
"Quando Deus designa o número dez, nunca pode ser onze."
E quando Deus dosa o remédio amargo para o Seu povo, não pode ter mais uma gota de fel colocada no cálice.
Mas ele é realmente "o dia da angústia." Veja como a ênfase é colocada - "uma fortaleza no dia da angústia." É o dia mais problemático que um homem tem, naquele dia em que as nuvens retornam depois da chuva, naquele dia em que ele parece ter perdido cada conforto, e tristezas vêm uma após a outra, como os mensageiros de Jó, todos trazendo notícias sombrias - cada uma mais sombria do que as que vieram antes - "no dia da angústia." Não é como um dia que ocorre com as pessoas mais piedosas, mais cedo ou mais tarde, antes de chegarem ao Céu - "no dia da angústia." Isto parece ser o próprio dia do problema. O problema tem o dia reservado só para ele. Desde o início da manhã até a última hora da noite, é problema, problema, problema - "no dia da angústia." O que é Deus, então? Ele é um "refúgio". Esta é uma grande palavra, "uma fortaleza", isto é, um forte, um castelo, uma torre de defesa - "no dia da angústia."
De modo que, no tempo de angústia, Deus garante a segurança do Seu povo. Eles moram cercados por baluartes inexpugnáveis! "Como estão os montes ao redor de Jerusalém, assim o Senhor está ao redor do seu povo, desde agora e para sempre." Problemas são como inimigos que os sitiam, mas Deus é para eles como uma forte torre de defesa na qual estão perfeitamente seguros!
E ademais, eles estão muitas vezes perfeitamente em paz. O inimigo vem e os espia, e prepara suas máquinas de guerra. Mas assim diz o Senhor, como fez com Senaqueribe, "A virgem, a filha de Sião, te tem desprezado e escarnecido e rido de ti. A filha de Jerusalém tem meneado a cabeça contra ti." Muitas vezes, nos momentos de sua maior angústia, o povo de Deus é encontrado tão resignado, tão submisso à vontade do seu Senhor e, consequentemente, tão calmo, tão corajoso, que a paz não é no mínimo grau afetada.
III. Agora, finalmente, falaremos sobre Deus conosco, "Ele conhece os que confiam nele."
Claro que o Senhor sabe tudo, mas há um sentido enfático nesta palavra "conhecer", sempre que ela é aplicada ao povo de Deus. Aqui se refere à Sua íntima familiaridade com eles - suas pessoas, suas condições, suas necessidades, seus sofrimentos, seu passado, seu presente, seu futuro. Ele sabe tudo sobre eles. Nós dizemos, às vezes, a uma pessoa que nós não a conhecemos: "Eu não te conheço." Mas nunca dizemos isto à nossa querida filha, ou a um amigo com o qual nos preocupamos. Não, nós tentamos conhecer tudo sobre ele, nós queremos saber, a fim de que possamos aliviar e socorrer. Em um sentido muito maior, a Onisciência concentra toda a sua percepção sobre cada filho de Deus. Seu pai está olhando para você, Amado, com um olhar como se não houvesse mais ninguém no mundo, senão apenas você - sim, e nenhum mundo, qualquer um, mas apenas você. Ele tem prazer em saber tudo sobre você, porque Ele fez você e Ele te fez novo! Você é uma planta da sua lavoura. Ele tem cuidado de você e Ele disse: "Eu vou regá-la a cada momento, para que não sofra qualquer dano, eu vou guardá-la dia e noite." É com o mais íntimo e intenso conhecimento que o Senhor conhece os que confiam n`Ele.
Se você é um daqueles que nele confiam, é doce para você ser capaz de dizer: "Deus sabe tudo sobre mim e Ele cuida de mim". Note uma palavra no texto: "Ele conhece os que confiam nele", e não aqueles que são perfeitos, e não aqueles que estão fazendo algumas obras, mas: "Ele conhece os que confiam nele."
Aqueles que confiam no Senhor não são apenas objeto de Seu conhecimento e cuidado, eles também são objeto de Sua aprovação. Não há nada no mundo que Deus aprove mais do que a fé. Confiar em Deus é a maior de todas as obras." O que vamos fazer", disseram os judeus a nosso Senhor, "para que possamos realizar as obras de Deus?" Jesus respondeu: "Esta é a obra de Deus, que creiais nAquele que Ele enviou." Erguer uma série de asilos, ou construir uma catedral - não é isto um grande trabalho? Não, não comparado com a fé em Jesus Cristo, a quem Deus enviou. Este é o trabalho divino, a maior obra que podemos fazer! Nossa ação não pode agradar a Deus, por mais agradável que possa parecer para nós, mas onde quer que haja fé, Deus está satisfeito. E lembre-se, "sem fé é impossível agradar a Deus." Então, queridos amigos, se vocês quiserem agradar a Deus, confiem nEle, confiem nEle implicitamente! Confie nEle agora com seu pecado, com o seu sofrimento, com tudo! Quanto mais você confiar n`Ele, mais agradável você será para Deus. Veja    que é uma oportunidade que você tem de agradar a Deus em momentos de grande provação e dificuldade. Se uma pessoa tem um fardo para carregar o qual seja capaz de suportar, a auto-suficiência terá a sua vez. Mas quando tem uma carga sobre si, que não pode carregar, e ela diz: "Ó Deus, se Você me fortalecer, eu vou levá-lo" - então isto é agradável a Deus! 
Mais uma vez, queridos amigos, esta palavra, "conhecer", aqui, significa comunhão amorosa. Nós conhecemos um ao outro por estar unidos, tendo os mesmos pensamentos e sentimentos de um em relação ao outro. 
Deus conhece nossas orações e lágrimas, Ele conhece nossos desejos, Ele sabe que não somos o que desejamos ser, mas Ele sabe o que fazemos para ser o que desejamos. Ele conhece nossas aspirações, nossos suspiros, nossos gemidos, nossos aposentos secretos, a nossa própria correção do espírito quando falhamos.
E aqueles que confiam no Senhor terão mais uma coisa. Isto é, Deus irá reconhecê-los como Seus. No último grande dia, Cristo dirá a alguns, "Nunca vos conheci." Aqueles que não confiam em Cristo, Ele não reconhecerá. Naquela hora terrível quando aquilo que eles mais necessitam é de um Salvador, Ele dirá: "Nunca vos conheci." Mas se você confia nEle, Ele conhece você agora e vai reconhecê-lo então naquele dia! Jesus Cristo não pode dizer para mim no último dia "Nunca vos conheci." Ele deve me conhecer, pois Ele sabe como eu    tinha me    incomodado e me preocupado com Ele! Ele sabe como eu tinha o sangue de Seu coração para lavar meus pecados e as vestes de Sua justiça para me vestir. 
Deus te abençoe, por amor de Cristo! Amém.
Tradução, adaptação e redução do sermão de nº 2555 de Charles Haddon Spurgeon, elaboradas pelo Pr Silvio Dutra.



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